Quando eu era criança, meu pai comprou o primeiro telefone da vizinhança. Eu ouvia fascinado minha mãe falar com alguém.
Um dia, descobri que dentro daquele objeto morava uma pessoa legal. O nome dela era: "Uma informação, por favor", que poderia fornecer qualquer número de telefone e até a hora certa.
Minha primeira experiência pessoal com esse gênio foi num dia em que minha mãe estava fora.
Na garagem, quando mexia na caixa de ferramentas, bati em meu dedo com um martelo. A dor era terrível. Até que pensei: o telefone!
Rapidamente fui até o porão, peguei uma pequena escada e a coloquei em frente à cômoda da sala. Subi e tirei o telefone do gancho.
Alguém atendeu e eu disse:_"Uma informação, por favor".
Ouvi uns dois ou três cliques e uma voz suave e nítida falou em meu ouvido:_"Informações".
_"Eu machuquei meu dedo...", disse , chorando.
_"A sua mãe não está em casa?", ela peguntou.
_"Não tem ninguém aqui...", eu soluçava.
_"Você consegue abrir o congelador?", ela perguntou.
Eu respondi que sim.
_"Então pegue um cubo de gelo e passe no seu dedo", disse a voz.
Depois daquele dia, eu ligava para "Uma informação, por favor" por qualquer motivo...
Um dia, meu canário morreu. Eu liguei para "Uma informação, por favor" e contei o ocorrido.
Ela acrescentou mansamente:_"Paulo, sempre lembre que existem outros mundos onde a gente pode cantar também..."
Tudo isso aconteceu na minha cidade natal.
Quando eu tinha 9 anos, nos mudamos. Eu sentia muita falta da minha amiga, que era paciente, compreensiva e gentil.
Alguns anos depois, quando viajava, meu avião fez uma escala em minha terra natal. Falei ao telefone com minha irmã por 15 minutos. Em seguida, disquei o número da operadora e pedi:_"Uma informação, por favor".
Como num milagre, eu ouvi a mesma voz doce e clara, dizendo: "Informações".
Eu não tinha planejado isso, mas perguntei:_Você sabe como se escreve exceção?"
Houve uma longa pausa. Então, veio uma resposta suave:_"Eu acho que o seu dedo já melhorou, Paulo".
_"Você não imagina como era importante para mim naquele tempo".
_"Eu imagino, pois você também era importante. Eu não tenho filhos e esperava todos os dias que você ligasse. Eu me chamo Sally".
Três meses depois eu fui visitar minha irmã. Quando liguei, uma voz diferente respondeu:_"Informações".Eu pedi para chamar a Sally.
_"Você é amigo dela?", a voz perguntou.
_"Sou, meu nome é Paulo".
_"Eu sinto muito, mas a Sally, infelizmente, faleceu há alguns dias. Ela deixou uma mensagem para você. Eu vou ler".
A mensagem dizia: "Diga a ele que eu ainda acredito que existem outros mundos onde a gente pode cantar também. Ele vai entender..."
MORAL da HISTÓRIA: Nunca subestime a marca que você deixa nas pessoas. Um simples gesto como um oi, bom dia ou um sorriso pode mudar tudo.
Quando estamos tristes, com dificuldades, gostaríamos de contar com uma "Atendente Informações" que pudesse nos ouvir, nos orientar, nos aconselhar.
Lembre-se que você tem valor!